Empoderamento Pós-Parto: Em busca da sua própria voz

Ninguém nasce sabendo ser mãe ou pai. Aliás, a maternidade é o mergulho mais profundo em si mesmo que as pessoas podem dar. Sabe por quê? Porque é o momento em que olhamos para dentro, em busca de descobrir a nossa própria voz: que tipo de parto eu quero ter? o que eu quero para a amamentação? qual educação quero dar?

Buscar seu poder em relação à maternidade é muito importante. E isso não diz respeito apenas ao parto. No universo da humanização, por vezes, vejo o quanto as mulheres se preparam para o nascimento do bebê, mas não buscam sua voz para depois de sua chegada. Por isso acredito tanto na importância de preparação da mulher, de seu companheiro e – por que não? – de sua rede de apoio desde o início da gravidez, tanto para a chegada do bebê quanto para os dias que se seguem. Mas há de se fazer um alerta: é preciso sempre respeitar o tempo de cada mulher. Essa voz tem de vir de dentro para fora e não o contrário, portanto, para que isso aconteça é fundamental respeitar a dinâmica de cada mulher, a forma com que ela vai construindo o próprio empoderamento.

pós-parto mãe e bebê

Aliás, acho muito válido falarmos sobre a construção desse caminho. Uma mulher empoderada, com voz, não é aquela que escolhe um caminho x ou y, mas, sim, aquela que toma seu rumo baseada naquilo que para ela tem um sentido interno. E isso vem desde o início da gestação: da decisão de como fazer o pré-natal, passando pelo parto e chegando até a amamentação e educação dos filhos – a mulher precisa escolher e fazer valer essas escolhas.

No universo da humanização do parto e nascimento sempre estaremos falando de uma mulher que vai nadar contra a corrente, muitas vezes, inclusive, contra o jeito que sempre conduziu sua vida: de não se informar, de não conhecer ou de não saber, da frustração de saber que o parto anterior poderia ter sido diferente, do sentir-se só, de se ver desrespeitada em suas escolhas – seja pelo parceiro, pela família, amigos ou pela sociedade.

Escutar a sua própria voz tem de se estender para o pós-parto, para que existam escolhas conscientes e mais seguras frente ao próprio filho. Quer um exemplo importante? A amamentação! Quantas mulheres não se prepararam absurdamente para o parto, mas quando o bebê veio para seu colo e a amamentação não fluiu ela não sabia o que fazer? Uma mulher insegura, com a mama machucada e experimentando diversos desconfortos para amamentar vai sofrer demais, vai ser um momento ruim para ela e, consequentemente, o bebê receberá esse sofrimento. Sim, porque amamentação não é só nutrição, existem muitos fatores emocionais e de vínculo envolvidos.

É muito, muito importante dizer que deve-se respeitar as mães que, por alguma razão ou mesmo escolha altamente pessoal, não quiseram amamentar. Essa mulher precisa ser acolhida e ser ouvida também. Só assim será possível entender o porquê dela ter feito essa não escolha pela amamentação. Empoderamento é isso: dar as informações e ajudar essa mulher a elaborar essas informações, sugestões e orientações.

Muitas mulheres que amamentaram justamente porque tiveram alguma dificuldade e não sabiam como solucionar, ou seja, existia uma fragilidade e não houve voz nem para pedir ajuda. Provavelmente, sempre foi dito a elas o que fazer e, geralmente, muito pautado em coisas como, "seu leite não está sendo suficiente", "seu bebê está passando fome", "você não está fazendo isso direito", ou seja, sempre uma crítica muito severa com essas mulheres, pautadas numa perfeição e no menos desconforto possível.

O momento é de rever tudo isso e descobrir o que faz sentido para você. Qual é a sua voz?

Ao mesmo tempo em que temos a internet, que facilita o acesso à informação, é preciso saber filtrar tudo o que chega até nós. Às mães e mulheres cabe esse filtro e por vezes direcionar suas dúvidas à sua rede de apoio, seja profissional ou familiar; e à nós como rede, cabe ouvir. Pois na medida que essa mãe é ouvida, temos a possibilidade de conhece-la e saber de suas opiniões e necessidades e é aqui que podemos dar as mãos à esse empoderamento materno, promovendo uma transformação eficaz, eficiente, duradoura e extremamente benéfica para todo mundo dessa rede.